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A semana em que Campos Neto voltou a ser meta de Lula

por Abel Ferreira
A semana em que Campos Neto voltou a ser alvo de Lula

O presidente Lula voltou a encomiar na sexta-feira (21) o tom contra o presidente do Banco Médio, Roberto Campos Neto. Dois dias depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros do país. Na avaliação de Lula, o patrão do BC é um “oponente político” e “ideológico” do seu governo.

Outrossim, o presidente disse crer que Roberto Campos Neto também é um oponente da sua gestão quando o ponto é o “protótipo de governança” do Banco Médio. A sátira do petista faz referência à autonomia do BC, adotada em 2021, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi o responsável da indicação de Roberto Campos Neto para o procuração no banco.

“O presidente do Banco Médio é um oponente político, ideológico e do protótipo de governança que temos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de provar que não está preocupado com a nossa governança”, disse Lula em entrevista à rádio Mirone News, do Maranhão, onde o presidente cumpriu agenda política.

Sucessor no BC

O presidente lembrou, em seguida, que o procuração de Roberto Campos Neto se encerra em dezembro deste ano, quando Lula poderá indicar um novo nome para assumir o controle do BC. Sobre isso, Lula deu a entender que, depois isso, as coisas “vão voltar à normalidade”. “Está chegando a hora de indicar um novo presidente do Banco Médio e acho que as coisas vão voltar à normalidade”, afirmou.

Lula aproveitou o tema para reclamar dos bancos privados no Brasil, que, segundo ele, preferem trabalhar com juros altos do que oferecer crédito. “Os dois bancos públicos do Brasil têm mais carteira de crédito do todos os bancos privados juntos, porque eles não querem oferecer crédito”, citou o presidente.

Por termo, Lula comentou a desvalorização do real frente ao dólar. Isso porque a moeda americana atingiu ontem o maior nível frente à moeda brasileira desde julho de 2022, a R$ 5,4622. “Uma vez que só tem um lugar que fabrica o dólar, quando eles mexem na moeda, isso mexe com a gente cá. Mas nós já provamos uma vez e vamos provar de novo”, respondeu Lula.

‘Quem perde é o povo brasiliano’

Na quinta-feira (20), à rádio “Verdinha”, de Fortaleza (CE), Lula comentou que foi uma “pena” a decisão do Copom. Para o presidente, quem perdeu com essa decisão, de manter a Selic em 10,5%, foi o “povo brasiliano”. Lula acusou também o Banco Médio de “investir no sistema financeiro” e “nos especuladores que ganham moeda com juros”.

“Foi uma pena que o Copom manteve os juros porque quem está perdendo é o povo brasiliano. Quando mais cimalha os juros, menos moeda sobra para a gente investir cá dentro [do Brasil] A decisão do BC não foi investir no povo brasiliano, foi investir no sistema financeiro, nos especuladores que ganham moeda com juros”, disse o presidente.

Henrique Meirelles

Lula voltou a cutucar na ocasião o atual presidente do Banco Médio, Roberto Campos Neto, ao tutelar que ele tem “tanta autonomia” quanto o Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, tinha durante seus primeiros mandatos porquê presidente da República.

“O presidente da República nunca se mete nas decisões do Copom ou BC. O Meirelles tinha autonomia comigo tanto porquê esse que está aí [Roberto Campos Neto]. Resolveram [no Congresso] entender que deveria ser posto um presidente do BC que tivesse autonomia financeira. Autonomia do BC em relação quem? Para servir quem? Atender quem?”, questionou, em tom irônico.

Por termo, o presidente da República acusou os bancos brasileiros de preferirem “lucrar moeda” com juros altos em vez de oferecer crédito. “Por que não se transforma em gasto a taxa de juros que pagamos? Os bancos privados preferem, em vez de oferecer crédito, lucrar com juros altos”, complementou.

Com informações do Valor Econômico



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