O ministro da Quinta, Fernando Haddad (PT), negou na segunda-feira (22) ter um paradoxo entre o trabalho de ajuste fiscal da equipe econômica e a novidade política industrial lançada pelo governo, que prevê subsídios e mais financiamento ao setor no Brasil. A dissertação que foi apresentada pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Negócio e Serviços (MDIC) já está “contratada e orçada” e não foge do histórico de atuação do BNDES.
“O que foi feito hoje (ontem) foi a apresentação de um trabalho que está contratado, orçado. O BNDES emprestar R$ 75 bilhões, R$ 100 bilhões por ano, é secção da missão histórica”, disse Haddad no programa Roda Viva, da TV Cultura. “Eu não tenho um paradoxo. O que foi feito hoje foi a prestação de contas do que esteve sempre ao Congresso, que permitiu ao BNDES voltar à ativação. O BNDES foi enviado depauperado, escanteado, com acusações injustas”.
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Haddad disse ainda que, quando defendeu a formação de reservas cambiais no país, acreditou que elas por si só miniminariam a volatilidade, mas com o passar do tempo viu que o problema permanecia. É por isso que o governo entrou na discussão de um mecanismo de hedge cambial (operação para proteger investimentos das variações de moedas estrangeiras), para operações de longo prazo envolvendo projetos verdes.
“O que estamos discutindo é que tanto o Banco Médio e o Tesouro quanto os organismos internacionais possuem de ter instrumentos novos que permitem você ‘hedgear’ (proteger) operações de longo prazo, sobreto de investimentos que têm prazo longo de maturação”, disse o ministro. “Investidores e pensadores com quem conversam fora do país concordam que esse é um bom diagnóstico, do que poderia ser resolvido para atrair investimentos ao Brasil, no momento em que o país passa a ter antagones competitivos”.
Presidência do BC
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O ministro disse também que ainda não tratou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a indicação de quem será o próximo presidente do Banco Médio (BC), uma vez que o procuração de Roberto Campos Neto termina no término deste ano. Ele foi questionado sobre o tema em seguida comentar a melhoria na relação entre o governo e Campos Neto, que foi indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e se manteve na direção do BC devido à aprovação de uma lei que deu autonomia ao órgão.
“Agora Campos Neto não sai do churrasco da Granja, já foi convidado para o Alvorada, está tudo em silêncio”, disse Haddad. A perspectiva do ministro é que a sucessão da presidência do BC seja um objecto para a metade do ano. “Não conversei com o presidente ainda sobre nome”, respondeu o ministro, que não descarta que um dos quatro diretores indicados por Lula seja chochos para assumir a presidência do BC, nem que o indicado possa ser um nome de fora, que ainda não está na diretoria do banco.
Apesar de expor que a autonomia do BC não está em discussão, o ministro afirmou durante entrevista que a regra é principalmente defesadora no Brasil, pois “foi uma transição entre governos muito diferentes”. Haddad também defendeu que a decisão do BC de iniciar os cortes da Selic em agosto do ano pretérito, de 0,5 ponto percentual (não de 0,25), só foi provável em razão das informações repassadas pelo Ministério da Quinta às autoridades monetárias.
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