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Copom deve manter ritmo de cortes na Selic, mas ciclo pode se estender, dizem economistas

por João P. Silva
Copom deve manter ritmo de cortes na Selic, mas ciclo pode se estender, dizem economistas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Meão anuncia hoje sua decisão sobre a taxa de juros, que deve ser mais uma vez de golpe de 0,50 ponto percentual, num contexto de pouca mudança de expectativas e do balanço de riscos desde a última reunião, em dezembro. Com isso, os economistas só esperam para hoje um reforço na informação sobre a premência de manter o gradualismo da política.

Não há, no momento, muitas dúvidas de que o BC manterá seu ritmo de flexibilização por mais algumas reuniões. Mas a manutenção do atual quadro benigno para a inflação motiva esperanças de que o ciclo de cortes se estenda além do antes projetado.

A opinião da equipe de estudo macroeconômica da XP, chefiada por Caio Megale, é que o fluxo de notícias desde a última reunião se mostrou balanceado para as perspectivas de inflação.

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Por um lado, houve recuo nos preços das commodities, relativa segurança da taxa de câmbio e medidas de núcleo da inflação fluente com tendência benigna. Por outro lado, aumentaram as tensões geopolíticas e foi observada uma aceleração dos salários reais no mercado de trabalho doméstico.

“Acreditamos que não há motivos para mudança no atual ‘projecto de voo’ de retirada gradual da restrição de política monetária”, diz o relatório da XP.

Pelos mesmo motivos, Claudia Mulato, economista do C6 Bank, não acredita que vai possuir uma informação dissemelhante nessa reunião. A opinião é compartilhada por Carlos Lopes, economista do banco BV, que ainda vê motivo para cautela, mesmo em seguida os dados de atividade e do IPCA-15. “Essa desaceleração não está sendo tão intensa. As perspectivas de incremento para o ano não tem piorado substancialmente. Ao mesmo tempo, a inflação se mostra muito resistente”, lista.

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A avaliação do Bradesco é idêntica. “Os dados efetivos de atividade estão confirmando o cenário de incremento sustentado por consumo, com mercado de trabalho aquecido. Essa combinação confirma a postura de cautela que tem sido adotada pelo BC, mormente em um envolvente em que as expectativas de inflação seguem desancoradas no médio prazo”, diz o banco em sua estudo.

Nesse sentido, o Bank of America prevê que o BC deve manter no plural a frase “próximas reuniões” para indicar o ritmo adequado de cortes de 50 pontos-base para os encontros futuros. O BofA acredita que o Copom vai sobresair pontos de atenção uma vez que a incerteza fiscal e a intensificação dos riscos geopolíticos para justificar a manutenção do ritmo.

Qual a Selic final?

Se a estudo sobre as decisões e a informação do BC são similares na opinião de bancos e casas de investimentos, o mesmo não acontece quando é estimada a Selic esperada para o final do ciclo de cortes. Uma vez que o ritmo seve ser mantido e boa segmento do ano, especula-se até que ponto a flexibilização da política pode caminhar.

A XP, por exemplo, já reduziu de 10% para 9% sua estimativa para a Selic em 2024, avaliando que a queda nos preços das commodities desde o 3º trimestre do ano pretérito ampliaria a desinflação global de custos, ajudando a reduzir o IPCA.

Embora os economistas da XP continuem a crer nisso, eles observam que o aumento das tensões geopolíticas e seu impacto sobre os preços do frete marítimo constituem um risco importante. E que isso pode se somar às despesas fiscais e parafiscais expansionistas e às pressões salariais, atrapalhando a plena convergência da inflação à meta.

“Se os riscos mencionados materializarem e as expectativas inflacionárias para 2025 começarem a subir, o Comitê poderá ser forçado a interromper o ciclo de flexibilização monetária antes do que projetamos”, alertam.

O C6 Bank até enxerga o balanço de riscos um pouco melhor neste final de janeiro, o que abre espaço para o BC continuar cortando os juros no segundo semestre. Mas mantém a projeção de uma Selic de 9,25% ao final do ano. “A gente não acha que ele (o BC) vai aligeirar, principalmente por razão de expectativas de inflação ainda desancoradas”, diz Claudia.

Carlos Lopes, do BV, concorda com essa visão. Para ele, o BC começaria a ter um conforto maior com a inflação quando o horizonte dele se estender mais para 2025 do que para 2024, quando poderia perfurar espaço para um golpe maior. “No entanto, conforme vai avançando nas reuniões e se aproximando do meio do ano, também vai se aproximando de um final de ciclo, o que torna menos provável uma aceleração do ritmo”, comenta.

O BV tem coo cenário hoje, na verdade, uma redução no ritmo para 25 pontos-base na segmento final do ciclo, levando a Selic para 8,5%. “Se o BC tiver mais crédito nesse cenário de inflação e, de indumentária, o quadro se mostrar positivo, ele pode seguir com esses cortes de 50 p.p. por mais tempo ou fazer o ciclo todo mantendo esse mesmo ritmo”, argumenta.

No Bradesco, a expectativa é que o Copom continuará a trinchar a uma taxa de 50 pontos-base ao longo do 1º semestre. E que deverá mudar para um modo de ajuste fino de cortes de 25 pontos-base por reunião em julho, levando a Selic a 8,75% no final de 2024.



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