A produção industrial brasileira surpreendeu novamente, ao registrar subida de 1,1% em dezembro perante novembro, supra até das estimativas mais otimistas do mercado. Mas os economistas alertam que, mais uma vez, a atividade teve desempenho desigual entre os setores: enquanto a indústria extrativa exerceu poderoso impacto positivo, o segmento de bens de capital continuou a tolerar os efeitos do crédito ainda restrito.
Claudia Mulato, economista do C6 Bank, afirma que, mesmo com a subida supra do projetado, no ano, o setor registrou um aumento de somente 0,2%, o que mostra que a indústria continua enfrentando dificuldades para crescer de forma consistente.
“O resultado mais poderoso de dezembro pode ser atribuído ao desempenho da indústria extrativa, que cresceu 2,2%. Apesar de ser um segmento muito volátil, os dados dos últimos meses mostram que a indústria extrativa vem seguindo uma tendência de subida, que pode estar relacionada ao aumento da produção de petróleo”, explica.
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No entanto, a indústria de bens de capital encolheu 1,2% em dezembro. Esse grupo é o mais afetado pelos juros altos, que acabam inibindo investimentos na ampliação da capacidade instalada de máquinas e equipamentos.
“Quando olhamos para todo o ano de 2023, os dados confirmam essas assimetrias de desempenho. Enquanto a indústria extrativa cresceu 7%, a de transformação sofreu uma retração de 1%. Já a indústria de bens de capital sofreu uma queda de 11,1%”, compara.
A estudo do Goldman Sachs vai na mesma traço. O banco de investimentos cita, por exemplo, que a produção de bens capital recuou pelo quarto mês seguido e pelo sexto trimestre sucessivo.
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“No porvir, espera-se que o setor industrial continue a enfrentar dificuldades decorrentes das condições financeiras restritivas, das condições de crédito exigentes e do abrandecimento da demanda externa”, diz o banco em relatório.
A XP, também foca sua estudo nos sinais mistos que a produção industrial tem apresentado. Ou seja, ainda que três das quatro categorias econômicas e 14 das 25 atividades tenham desenvolvido em dezembro em relação a novembro, os setores mais cíclicos permanecem inibidos.
“Pelas nossas estimativas, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), considerando as contas do PIB, despencou 3,5% no ano pretérito”, comenta a XP, citando a principal medida de investimentos. “Por sua vez, a produção de bens de consumo duráveis saltou 6,3% mês a mês em dezembro”, compara.
A XP labareda a atenção para o poderoso aumento dos setores de Produtos Alimentares (+2,1% no mês e +4,9% no trimestre) e de Vestuário e Calçados (+14,5% e + 2,4%, respectivamente). “A queda da inflação de limitado prazo e o poderoso aumento do rendimento disponível das famílias impulsionaram essas categorias recentemente”, explica.
A expectativa da XP é que a produção industrial universal aumente aproximadamente 2% em 2024. Com isso, o XP Tracker para o prolongamento do PIB do 4º trimestre subiu para 0,15% perante o terceiro trimestre e para 2,35% na conferência com o mesmo trimestre de 2022. Isso é patível com um aumento de 3,0% em 2023. “Nossa projeção de um prolongamento de 1,5% no PIB em 2024 está inclinada para cima.”