O IPCA-15, índice que mede a prévia da inflação para o mês de abril, mostrou desaceleração.
Segundo os dados apresentados pelo IBGE, o índice variou 0,21%, contra 0,36% no mês de março.
O número veio inferior das expectativas do mercado, que eram de uma subida de 0,29%. De maneira isolada, isso é ótimo para o investidor, já que o conforto na inflação pode ajudar no ciclo de queda da taxa Selic…
Entre os nove grupos analisados, oito apresentaram subida. O destaque foi o setor de víveres e bebidas que registrou uma variação de 0,61% e surpreendeu o mercado, em próprio com uma aceleração de 0,74% na alimento em habitação, quando a expectativa era justamente o oposto.
Na mesma toada, o grupo de saúde e cuidados pessoais teve subida de 0,78%, puxado em grande secção por produtos farmacêuticos (1,38%).
Apesar da subida dessas categorias, os setores de transportes e combustíveis mostraram desaceleração. No período, o destaque foi o preço das passagens aéreas, que caiu 12,20%.
Com isso, o IPCA-15 registra subida de 3,77% no amontoado dos últimos 12 meses, um resultado melhor do que o esperado pelo mercado, que projetava uma aceleração de 3,85% no período.
Segundo o crítico da Empiricus Research, Matheus Spiess, essa melhora dos dados trouxe um patente ânimo para os investidores depois de uma semana com muita volatilidade e incertezas no cenário internacional.
Todavia, o resultado do IPCA-15 não descarta a possibilidade de que o Banco Médio reduza a intensidade do golpe na Selic na próxima reunião de maio e baixe a taxa em unicamente 0,25 p.p..
Isso porque, além da inflação em si, crítico aponta que há outros fatores que podem influenciar a decisão do Copom.
Vai retirar o freio? O que está no radar do Banco Médio
Em entrevista ao Giro do Mercado da última sexta-feira (26), Spiess apontou que os dados do IPCA-15 mostraram uma melhora na perspectiva da inflação. Entretanto, há ainda outros dois fatores que podem influenciar a decisão da poder monetária.
O primeiro é a política fiscal. Segundo o crítico, leste é o “calcanhar de Aquiles” da economia brasileira há um bom tempo. Ele explica que os governos têm dificuldade de manter a âncora fiscal que é estabelecida.
Ele lembrou que o busto fiscal proposto pela novidade gestão “tem sido deturpado antes do primeiro ano de vigência.” Recentemente, o Ministério da Quinta anunciou mudanças na meta fiscal para 2025, passando de um superávit de 0,50% do PIB, para unicamente déficit zero.
Esse cenário cria um envolvente econômico mais volátil. Assim, caso o governo não estabeleça um projecto para ajustar as contas, o Banco Médio pode agir usando o juros uma vez que instrumento para tentar estabilizar a economia. Em outras palavras, a poder monetária pode tomar uma decisão mais cautelosa.
Há ainda a questão da inflação nos Estados Unidos. Por lá, a expectativa é de que os juros se mantenham em patamar saliente por mais tempo diante do ritmo de atividade econômica.
Os juros altos nos EUA acabam impactando o ciclo de flexibilização econômica do Brasil.
Isso porque, via de regra, os juros brasileiros precisam ser muito maiores que os americanos, uma vez que, se as taxas estão próximas, o fluxo de capital estrangeiro “corre para lá”, gerando desvalorização do real e, consequentemente, mais inflação.
Spiess aponta que, nas últimas declarações de Campos Neto, o presidente do Banco Médio deixou evidente que o cenário internacional terá grande relevância na decisão da poder monetária.
Nesse sentido, o crítico aponta que a reunião do Fed (Banco Médio americano) entre os dias 29 e 30 de abril vai ser muito importante para o Banco Médio brasílico.
“Se o Fed vier com um exposição muito hawkish, muito duro, ele [Campos Neto] vai precisar ponderar um exposição ainda mais duro cá no Brasil.”, explicou.
Golpe de 0,25% na Selic é uma possibilidade, mas ‘credibilidade importa demais’
Diante do envolvente econômico extrínseco que continua conturbado, os investidores mais cautelosos precificam a possibilidade de um golpe de unicamente 0,25% na reunião de maio.
Ao mesmo tempo, o IPCA-15 divulgado na sexta-feira (26) mantém viva a possibilidade de um golpe de 0,50%, na visão do crítico.
Spiess ressalta que além do oferecido mais positivo, outro motivo para continuar acreditando na manutenção do ritmo de flexibilização é que “é custoso para o Banco Médio jogar fora a própria sinalização”.
Em outras palavras, a poder monetária já havia sinalizado na última reunião do Copom que faria mais um golpe de 50 p.p. Assim, mudar agora seria ir contra a própria sinalização do último Copom e “credibilidade importa demais”, pontua.
Diante do cenário incerto, os ativos de risco estão sofrendo bastante por conta da volatilidade e muitos investidores se perguntam: “o que fazer com as carteiras neste momento?”
Segundo o crítico, a decisão sobre o juros americanos e o Copom no início de maio podem trazer mais fundamentos para o investidor tomar as suas decisões.
Assim, a recomendação do crítico é manter o “sangue indiferente” até que tenhamos mais informações sobre a reunião do Fed e a Selic. Enfim, dependendo do resultado, a estratégia a ser adotada pode mudar.
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- A decisão do Copom;
- O que esperar do ciclo de queda dos juros;
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