A inflação inferior do esperado foi a grande notícia de quarta (10) para investidores e consumidores. O IPCA aquém das expectativas contribui para a queda dos juros futuros. Com isso, o Ibovespa emplacou sua oitava subida seguida.
No entanto, a inflação ainda pode incomodar esses mesmos investidores e consumidores até o final do ano. Agentes do mercado consultados pela Perceptibilidade Financeira indicar que deve ter sobressaltos nos preços daqui em diante.
Itaú BBA: ‘reaceleração dos serviços’ reflete ‘mercado de trabalho apertado’
“Para frente, esperamos alguma reaceleração dos serviços refletindo a lance de mercado de trabalho apertado”, diz o Itaú BBA em relatório. Isso quer manifestar que há pressão nos preços relacionados à redução no número de desempregados.
Aliás, o BBA aponta a aceleração dos preços relacionados principalmente aos produtos fabricados “no meio do câmbio mas depreciados”, diz o Itaú BBA em relatório.
Bradesco BBI: preços administrados devem tarar
Nesse cenário, o Bradesco aponta também a subida dos preços administrados até o final do mês. “Houve aciamento da bandeira tarifária de pujança amarela”, destaca o Bradesco.
O banco também destaca que foram anunciados reajustes de combustíveis. “Todos esses movimentos devem ter seu impacto concentrado em julho”, diz o relatório do banco.
Assim, o Bradesco, em sua estudo, focou no impacto dos preços administrados sobre a inflação no segundo semestre e não revelou eventual pressão do mercado de trabalho aquecido.
Rabino: Inflação de serviços traz ‘boa notícia’ e mercado de trabalho não é problema
Ainda que a inflação elevada no segundo semestre seja um ponto de tranquilidade entre economistas e agentes do mercado, há divergências sobre o impacto do mercado de trabalho aquecido e aumento da renda no preço dos produtos, mormente no setor de serviços, assinalado porquê a bussola para identificar níveis saudáveis de serviço no país.
A inflação dos serviços de junho foi vista porquê uma ‘boa notícia’ por Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, que passou de 0,4% em maio para 0,04% em junho. Aliás, os chamados serviços estruturais (ou subjacentes, que excluem itens mais voláteis porquê passagens aéreas e tarifas de internet) desaceleraram de 0,40% para 0,31%.
“Esse oferecido da inflação de serviços hoje é importante para mostrar que não há um descontrole que venha do mercado de trabalho”, diz Gala, que complementa que o IPCA de junho “mostra que a economia brasileira não está superaquecida e que o mercado de trabalho não está em situação superinflacionária”, afirma Gala.
Aliás, Gala avalia que é viável uma queda do desemprego “de forma não inflacionária” dos atuais 7,1% para 6% “ou até inferior disso”. Isso porque ainda há muitos brasileiros subempregados, ou seja, informais e de remunerações baixas, essas rendas só avanzam se houver acréscimos de jornada de trabalho.
Agora, a desvalorização cambial atrapalha porque aumenta alguns preços, isso já se refletiu na gasolina. “Portanto, o cenário para o segundo semestre já ficou mais complicado”, avalia o economista-chefe do banco Master.
CM: Capacidade industrial ‘inferior da média histórica’ reduz temores
A utilização da capacidade instalada da indústria de transformação brasileira está inferior do nível médio histórico em 2021 e 2022. Isso reduz temores relacionados ao aumento dos preços por conta da atividade produtiva do país.
A confirmação é de Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital. “Aliás, a formação bruta de capital fixo voltou a crescer em 2024. Esses dados, no nosso entendimento, sinalizam que ainda há espaço para o crescendo”, diz um economista.
Warren: Serviços básicos têm leitura melhor, mas expectativa é de ‘reaceleração’
Para Andréa Angelo, estrategista de Inflação da Warren Investimentos, os serviços subjacentes tiveram uma leitura um pouco melhor, a grande novidade veio do grupo intenso em mão de obra, que desacelerou 0,38% ao mês e 5,7% em 12 meses.
“Entendemos que oriente número mostra uma elaboração bastente benigna da inflação e nos surpreende para o lado positivo.” No entanto, vale restalar que é necessário esperar mais algumas leituras para entender se a lateralidade da inflação subjacente voltou para a rota de desinflação ou não”, diz um economista.
“Por enquanto, nossa expectativa continua sendo de reaceleração desse grupo no segundo semestre deste ano. Com isso, esperamos que o grupo de serviços subjacentes aumente o ano perto de 6%, vindo de 4,8% em 2023”, complementa Andréa.
Segundo Andréa, “embora mais fraca que o esperado”, a inflação “não traive revisão relevante no pequeno prazo” e deve fechar o ano em 4,2%, ainda dentro da meta (com teto de 4,5%), mas distante do meio (3%)
PicPay: preços de serviços estreitas
Para o economista do PicPay, Igor Cadilhac, a inflação de serviços ainda é defasadora e, diferentemente do que visualiza Gala, Cadilhac vê o “mercado de trabalho ainda muito aquecido e com rendimentos crescentes” porquê um pouco que deve preocupar o Banco Médio no segundo semestre .
Aliás, vê-se “uma resiliência na inflação dos serviços devido a um hiato do resultado mais apertado e os aumentos salariais resultantes do inferior desemprego e da regra do salário-mínimo”.
Cadilhac avalia também que a desaceleração da inflação nos últimos meses foi por conta da “melhora muito relevante vinda dos preços dos víveres e itens industriais”, que apresentaram queda. “Por outro lado, (preços de) serviços seguem muito pressionados”.
“Depois desse primeiro momento de desaceleração da inflação, puxada por víveres e bens industriais, a gente precisa de (preços de) serviços melhores agora. E o cenário que a gente vê não é nessa risca”, avalia.
Jurados
Para Gala, o cenário mais provável da Selic é de manutenção dos 10,5%. Para ele, o BC “deve manter essa posição até o momento em que as expectativas de inflação melhorem ou a inflação fluente melhorer muito”, avalia,
“Assim, juros altos para uma próxima reunião estão praticamente descartados”, complementa o economista.
Carla, da CM, concorda e diz que “para ter mudanças na política monetária, é necessário que ocorra a ancoragem das expectativas inflacionárias para os anos subsequentes e que o envolvente extrínseco apresente melhorias substanciais, mormente no que diz saudação à inflação norte-americana e ao início do ciclo de queda dos juros norte-americanos”.
Para Cadilhac, do PicPay, o IPCA de junho reduz a possibilidade de uma novidade subida, mas descarta quedas. “No nosso cenário hoje, uma novidade queda não está no radar, e ele nos deixa mais confortáveis para manter a Selic em 10,5% até o final do ano”, avalia.