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Para satisfazer ‘última milha’ da inflação, BC deve reduzir cortes em junho, diz estudo

por João P. Silva
Para cumprir ‘última milha’ da inflação, BC deve reduzir cortes em junho, diz estudo

O Banco Médio do Brasil deve trinchar a taxa Selic em 50 pontos-base em próxima reunião, marcada para 7 e 8 de maio, mas deve optar por desacelerar do ritmo de cortes a partir de junho, levando a taxa Selic ao final do ano para um patamar ainda restritivo, ao volta de 9,0%. A projeção está num estudo peculiar da Kínitro Capital que o InfoMoney obteve com exclusividade, no qual é medido o desempenho recente da inflação de serviços no país e suas implicações para a política econômica.

O estudo destaca que, posteriormente a saída dos choques de oferta que elevaram a inflação, o Brasil está agora em um segundo estágio, a chamada “última milha”, momento em que deveria ocorrer a desaceleração nos preços dos subitens mais sensíveis ao ciclo econômico.

No entanto, o Comitê de Política Monetária (Copom) tem mostrado maior preocupação com os possíveis efeitos da ampliação dos ganhos reais e da aceleração no propagação da tamanho salarial sobre a dinâmica da inflação de serviços.

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“Desde o final de 2023, houve uma elevação mais acentuada desses subitens no IPCA, ampliando os debates em torno da ininterrupção do processo nessa ‘última milha’”, diz o texto.

Assim, a gestora independente buscou no estudo investigar a evolução recente da inflação de serviços, a partir de diferentes desagregações, na tentativa de verificar se esse movimento ocorreu por fatores pontuais ou se deveu a itens mais recorrentes, sensíveis à ociosidade da economia e à inercia inflacionária.

“Nossa avaliação é que grande segmento dos desvios das projeções, ou o ‘susto’ desse início de ano, veio de subitens que não são influenciados pelo ciclo econômico, sendo o exemplo mais notável os serviços bancários”, diz o texto da Kínitro, ponderando que isso não reduz a valia do dinamismo do mercado de trabalho sobre a perspectiva de uma provável desaceleração mais gradual dos preços dos serviços.

Serviços subjacentes

O estudo mostra que, entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024, os serviços subjacentes acumularam uma subida de 2,00 pontos percentuais. Os destaques nesse período foram a variação da sustento fora de morada (0,44%), os serviços bancários (0,39%) e o aluguel (0,26%).

Exceto no caso dos serviços bancários, os outros subitens são considerados ‘pesos-pesados’, representando juntos 45% do totalidade dos serviços subjacentes.

Para contornar esse vista, foi utilizada a média traste de três meses anualizada e dessazonalizada dos serviços subjacentes em fevereiro com o nível que eles estavam rodando em novembro pretérito. Embora a concentração em serviços bancários tenha permanecido, os ‘pesos-pesados’ diminuíram sua participação e deram lugar seguro voluntário de veículos e o conserto de carro.

“Cabe ressaltar os seguros de veículos que vinham de importante deflação e apresentaram uma rápida recomposição nos últimos meses, provavelmente revérbero da efetivação de reajustes anuais.”

Ao investigar a inflação de serviços sob as óticas da ociosidade e da inércia, usando uma classificação do BC, ficou evidente para a gestora o descolamento tanto dos serviços bancários uma vez que o dos serviços laboratoriais. No memo período de novembro a fevereiro, os serviços laboratoriais subiram de 4,3% para 6,4% na média traste de três meses dessazonalizada e anualizada. Já os serviços bancários, saltaram de 7,3% para 14,7% na mesma métrica.

No grupo dos “inerciais”, por sua vez, não foram observados movimentos expressivos, exceto em cinema, teatro e concertos, que foi impactado por um evento pontual de promoção de descontos temporários nos ingressos.

Assim, a estudo feita seguindo a classificação do BC “reforça a visão de que grande segmento da surpresa com a subida recente dos serviços parece estar mais associada à fatores não recorrentes, que não são sensíveis à ociosidade da economia e à inércia inflacionária”, conclui a Kínitro.

Políticas monetária e fiscal

O estudo defende que o BC deve seguir revisando para cima o seu hiato do resultado [diferença entre o produto observado de uma economia (PIB) e a estimativa do produto potencial, dividida pelo produto potencial], que ainda está negativo.

“Com um mercado de trabalho mais apertado, reajustes salariais supra da meta de inflação e sem ganhos de produtividade, aumentaram as chances de um tardada na convergência da inflação para o núcleo da meta”, diz o texto.

A estudo não considerou possíveis recomposições favoráveis nos preços relativos ou uma dinâmica mais benigna das commodities, “elementos que poderiam estugar o processo de convergência”.

Para Kínitro, portanto, a leitura do cenário atual é condizente com as projeções para a taxa Selic ao final desse ciclo ainda em patamar restritivo. “A grande incógnita em relação a esse processo é se vamos observar uma moderação da atividade econômica mais avante e se ela será aceita pelo governo”, diz o estudo, destacando que a procura de um ritmo de propagação em marcha forçada tenderia a trazer consequências negativas para o cenário.

“Nosso cenário base segue contemplando a manutenção do tórax fiscal, ainda que ocorram moderações nas metas ao longo desse ano. O mais preocupante seria uma mudança de direção na dinâmica proposta pelo governo para o resultado primordial, o que não está sendo considerado.”

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