Início » Renda maior e precatórios devem tirar economia do zero no início de 2024, dizem analistas

Renda maior e precatórios devem tirar economia do zero no início de 2024, dizem analistas

por João P. Silva
Renda maior e precatórios devem tirar economia do zero no início de 2024, dizem analistas

São Paulo (Reuters) – O mercado de trabalho aquecido, o aumento da renda e a injeção de liquidez com o pagamento de precatórios devem prometer que a economia brasileira volte a crescer no início de 2024 depois de dois trimestres seguidos de estagnação, ainda que a perspectiva não seja de um movimento possante, avaliam economistas.

O resultado interno bruto deve mostrar uma retomada gradual ao longo do ano, de concordância com especialistas, calcada ainda no aumento do crédito diante do ciclo de atraso da política monetária. A economia brasileira cresceu 2,9% em 2023, mas ficou estagnada tanto no terceiro quanto no quarto trimestres.

Um dos principais impactos positivos no primeiro trimestre do ano deve vir do pagamento dos precatórios feito no final do ano pretérito, que tem potencial de impulsionar o consumo das famílias.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma lição gratuita

“É uma injeção suplementar de recursos que será traduzida para consumo. Serão mais de R$ 30 bilhões na economia no início de 2024, que sustentam gastos das famílias com bens e serviços”, diz Rodolfo Margato, economista da XP, calculando que 80% desse impacto ficará concentrado no primeiro trimestre.

Some-se a isso uma inflação menor e o impulso da renda disponível com um mercado de trabalho que permanece sólido, com uma taxa de desemprego que deve seguir em níveis baixos ao longo do ano, favorecendo o consumo. A taxa de desemprego ficou em 7,6% no trimestre encerrado em janeiro, com aumento no rendimento real dos trabalhadores.

Agropecuária preocupa

No entanto, analistas alertam para o desempenho do setor agropecuário. Com safras recordes, a agropecuária sustentou o incremento do PIB no ano pretérito, mas esse cenário não deve se repetir em 2024.

Continua depois da publicidade

“O grande cabo-de-guerra no primeiro trimestre será esse, quanto vai desabar o PIB agrícola e quanto vai crescer o consumo das famílias por justificação desse impulso do pagamento dos precatórios”, alerta Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, que calcula um impacto de 0,2 ponto percentual do pagamento de precatórios no PIB do primeiro trimestre.

Outro fator positivo é o atraso da política monetária, em um ciclo que começou em agosto do ano pretérito e tirou a taxa básica de juros Selic do pico de 13,75% para os atuais 11,25%, com expectativas de mais reduções nas próximas reuniões.

“Começamos a observar os efeitos do mercado de crédito. Vemos aumento das concessões tanto a pessoas físicas quanto jurídicas, queda da inadimplência e o comprometimento das rendas das famílias mostra queda paulatina”, observa Margato.

“Com a ininterrupção da desinflação e dos cortes de juros por secção do BC, a mensagem é que ao longo do ano o atraso das condições monetárias tende a contribuir para um aumento de consumo e produção”, completa.

Com uma defasagem de seis a nove meses, os impactos do atraso monetário devem lucrar tração principalmente no terceiro trimestre. Mas há incertezas. O ano de 2024 deve ser marcado por disputas cada vez mais intensas entre o governo e o Congresso sobre quem deve remunerar a conta pelos ajustes necessários para satisfazer as metas fiscais ambiciosas da equipe econômica.

“As narrativas em torno da política fiscal deram uma melhorada, temos arrecadação maior. Mas olhando primeiro, com a pressão de gastos que está subida, será que teremos que tributar mais? O que temos hoje é suficiente para a política fiscal ter deixado de ser um risco para a atividade?”, questiona Marco Antonio Caruso, economista patrão do PicPay.

Em janeiro, a arrecadação do governo federalista registrou o melhor resultado de todos os meses da série histórica da Receita, iniciada em 1995, com um totalidade de R$ 280,636 bilhões.

Mas o Congresso derrubou um veto presidencial a um projeto de lei que estende a desoneração da folha de pagamento para vários setores da economia, e ao mesmo tempo a equipa econômica começou a discutir a possibilidade de voltar a impor impostos impopulares sobre importações no valor de até 50 dólares.

Pesquisa da Reuters feita em janeiro apontou que a economia deve crescer 1,6% em 2024.



Fonte

Related Posts

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você concorda com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceitar Saiba Mais

Política de Privacidade e Cookies